quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Prólogo - Uma cidade, péssimas lembranças.



  Uma noite.
  É tudo que vejo agora.
  As nuvens voam alto,  o suficiente para eu me sentir sozinho. A lua nova joga seu manto dourado por sobre as  pontas uniformes das nuvens, o que torna a noite mais perfeita.
  Este céu me trás lembranças importunas, creio que não só a mim, também á muitos que eu amo, que conheci, e que perdi. 
  As tardes de sol, as ruas desta pequena cidade mal projetada...
  Desdém, não há nada que descreva melhor esta parte do inferno. 
  Há quem ame esta cidade imunda, mas eu, jamais tive vontade de voltar lá. As calçadas me causam nojo, as pontes, náuseas, e as pessoas, medo.
  Meus planos simplórios pareciam gigantescos arranha-céus perto daquelas pessoas que nada fazem além de nos subjugar. Desistir, é algo que todos cogitamos em certo ponto.
  Se hoje estou longe, agradeço aos céus, e se agora estou vivo, só Deus sabe o por quê.
  Em  cada cidade pacata há um problema, há pessoas boas, e pessoas ruins.  Há felicidade, e quem se incomode com ela, há quem a destrói por prazer.
  A pior parte, é que pessoas que eu realmente gostava foram sacrificadas por isso, pessoas que eu dava valor. Correndo o risco de ser clichê, eu vi pessoas que eu amava morrer, e quem as matou, infelizmente, me chamava de irmão, de amigo, de família.
  Talvez numa noite como a de hoje, naquele lugar horrendo, nos bosques ao redor da cidade, ou mesmo em praça publica. A maldade não tinha limites.
  Os olhos dele brilhavam como fogo quando me viam, libertava sua ira como chamas.
  Aqueles mesmo olhos me olharam outro dia, como se fossem copias perfeitas da lua, traziam conforto, paz, confiança – a única coisa que sinto falta.
  Hoje os tempos são outros, mas ainda tenho guardado, no fundo de uma caixa ornada com veludo preto, todas as confissões, todos os desabafos, daqueles que se foram, e daqueles que lutam para ficarem.
  Chorar por eles não muda mais nada, mas é um bem que me faz. Chorar alivia minha alma, me tira o peso da certeza de que eu podia ter mudado algo.



Por: Fabrício Medeiros

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